Muito vem se falando sobre Medicina Integrativa e muitas vezes com uma certa confusão de definições. Confunde-se a Medicina Integrativa com a Medicina Alternativa. A Medicina Alternativa nega a Medicina Convencional e propõe tratamentos, muitas vezes sem embasamento científico, em seu lugar, Isso não é Medicina Integrativa!
Também há confusão com o termo Medicina Complementar. A Medicina Complementar oferece tratamentos não convencionais que se somam à Medicina Convencional, mas a Medicina Integrativa vai além disso.
Antes de mais nada gostaria de ressaltar que a Medicina Integrativa não é uma especialidade médica em nosso país, o que faz com que muitas vezes o termo seja adequado para "Saúde Integrativa" pois seus princípios podem ser adotados por vários profissionais.
Mas o que ela é afinal?
Nada mais que um tipo de abordagem, de atenção. Quando comecei estudá-la senti-me com mesmo entusiasmo dos primeiros anos de faculdade. Se abrir para seus ensinamentos reafirma o amor à profissão, seja ela qual for no âmbito da saúde.
A Medicina Integrativa nos convida a sair do centro do palco, a descer do pedestal hierárquico e dar lugar a quem realmente interessa nessa história toda: a pessoa a ser cuidada, que já não é mais chamada de paciente pois é dela e para ela que se delineia o plano de cuidados. A Medicina Integrativa convida o antigo paciente a se tornar AGENTE no processo de saúde e cura. Assim sendo, o profissional de saúde passa a ser um guia, um parceiro nesse caminho, usando seu conhecimento para empoderar e estimular o autocuidado da pessoa. E ela também faz outro convite ousado, principalmente para nós médicos habituados e treinados para cuidar de doenças, muito mais do que saúde. Ela nos convida a olhar além da doença, olhar o ser humano em todas as suas dimensões: físicas, psíquicas e espirituais.
E qual o arsenal que ela dispõe para isso?
Em primeiro lugar a escuta, uma escuta presente de corpo e alma para aqueles que nos procuram. Em tempos como esses nossos, escutar é um verdadeiro tesouro! Quando escutamos entendemos os valores e o sentido de vida de cada um, e com esse entendimento, a Medicina Integrativa nos convida a aliar o que há de melhor qualidade da Medicina Convencional com o que há de melhor das abordagens não convencionais (ambas quando indicadas) - como as Medicinas Tradicionais (exemplo, Medicina Tradicional Chinesa), práticas mente-corpo, entre outros, mas sempre de maneira informada em evidências científicas, afinal não podemos nos esquecer da segurança e de um dos principais preceitos hipocráticos para o exercício da profissão médica: "Primum non nocere" (Antes de tudo, não fazer mal - ao paciente).
Leituras sugeridas:
1. Lima P T R. Medicina integrativa: a cura pelo equilíbrio. MG Editores, 2009.
2. Abrams D, Weil A. Integrative oncology. Second edition ed: Oxford University Press; 2014.
3. Miller J E, Cutshall SC. The art of Being a Healing Presence. A Guide for those in Caring Relationships. 2001. eBook: ISBN 978-1-885933-76-8
Parabéns Ana...um beijão