Quando estamos sendo gerados, ou seja, no período fetal, nosso sangue é produzido no saco vitelino (até o segundo mês), após esse período a produção passa a ser no fígado e baço (do segundo ao sétimo mês) e também progressivamente na medula óssea, que se torna o principal órgão produtor das células do sangue já a partir do 5° mês de gestação. Após o nascimento, sob condições fisiológicas, ela passa a ser o único local de produção de nossas células sanguíneas.
Na criança, a produção do sangue na medula ocorre em praticamente todos os ossos, já no adulto ocorre predominantemente no esterno, ossos da bacia, costelas e nas vértebras.
Estima-se que para manter as reservas sanguíneas de um adulto de 70 Kg a medula óssea deva produzir aproximadamente um trilhão de células ao dia! Num adulto sadio a produção e exportação de células para o sangue periférico é cerca de 2,5 bilhões de plaquetas, 2,5 bilhões de hemácias e 1 bilhão de granulócitos por quilo de massa corporal por dia. Se necessário ela pode aumentar essa produção em até 8 ou 10 vezes. Parece muito não é? Mas é devido a essa capacidade de resposta da medula que conseguimos conter um sangramento com a atuação das plaquetas, repor nosso sangue quando temos uma hemorragia, e que conseguimos a quantidade necessária de glóbulos brancos para combater as infecções.
Entender como a medula óssea funciona é muito importante para interpretar um hemograma e compreeender como diversas doenças podem alterá-lo, assim como também é importante para diagnosticar e tratar as várias doenças hematológicas.
Em algumas situações, como no diagnóstico de algumas doenças do sangue, é necessária a coleta de sangue da medula para um estudo que chamamos mielograma/citologia de medula óssea ou o estudo de possíveis alterações genéticas (citogenética) ou mesmo exames de biologia molecular. Também pode ser necessária a coleta de um fragmento da medula óssea, procedimento conhecido como biópsia de medula óssea.
A medula óssea é um dos maiores órgãos do corpo humano, um tecido líquido acomodado dentro da estrutura óssea que a partir da célula tronco mantém em equilíbrio a adequada proliferação e diferenciação das células hematopoéticas, tão variadas e específicas em suas funções vitais para o funcionamento do nosso corpo.
Bibliografia consultada:
1. Zago MA, Falcão RP, Pasquini R. Hematologia: fundamentos e prática. 1a. São Paulo: Editora Atheneu; 2004. 1081 p.
2. Niero-Melo L, Ruiz e Resende LS, Hokama NK, Gaiolla RD, Oliveira CT. Hematopoiese e fatores de crescimento. In: Braga JAP, Tone LG, Loggetto SR, editors. Hematologia e Hemoterapia Pediátrica Sociedade de Pediatria de São Paulo -SPSP. São Paulo: Editora Atheneu; 2014. p. 511.
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