Sem dúvida estamos vivendo um período desafiador. O medo por conta da pandemia pelo coronavírus, muitas incertezas, insegurança política e econômica. Passamos por mudanças aceleradas e mais do que nunca estamos precisando nos reinventar a cada dia, Sermos resilientes e capazes de passar por essa saindo ainda mais fortes.
Pensando nisso vou falar nesse e nos próximos posts do blog sobre alguns conceitos e passar algumas dicas para ajudá-lo a enfrentar esse momento. Vamos hoje falar sobre o estresse e como ele afeta a nossa saúde.
Mas o que é o estresse?
Usando uma definição mais moderna, o estresse é tudo aquilo que amedronte, emocione ou ameace o indivíduo profundamente. E para entender como tudo isso nos afeta, vamos voltar um pouco no tempo e entender como é essa reação no nosso corpo.
No início do século 20 um famoso fisiologista de Harvard chamado Walter B. Cannon descobriu o que ele chamou de reação de “luta ou fuga”, uma reação fisiológica que nos mamíferos se origina no eixo hipotálamo-hipofisário e gera uma forte descarga de adrenalina no cérebro que faz com que aumente a pressão arterial, aumente a frequência cardíaca, dilate as pupilas, aumente o fluxo de sangue para os músculos, aumente a glicose e a atenção. Posteriormente há a uma liberação de cortisol pela supra renal e ativação do sistema límbico. Tudo isso prepara o corpo para lutar ou fugir, uma adaptação fisiológica importante para a sobrevivência. Assim como algumas variáveis do nosso corpo são mantidas em equilíbrio, como a temperatura por exemplo, a resposta de estresse também atua para manter o equilíbrio, o que chamamos de homeostase.
No início também do século 20, um cientista chamado Hans Seyle descreveu o que chamou de síndrome de adaptação geral, o que mais tarde viria a ser chamada de resposta ao estresse e foi o primeiro a caracterizar o termo estressor para definir o evento que produz essa resposta. Mais tarde a síndrome de adaptação foi caracterizada em 3 fases, conhecidas como fases do estresse: alerta, resistência e exaustão.
Para grande maioria dos animais do planeta, o estresse está relacionado com um evento de curta duração. Por exemplo, uma zebra fugindo de um predador: a resposta de estresse acaba quando ela consegue fugir ou ela é pega.
Mas conosco, os humanos, nem sempre é assim que acontece. O simples fato de nos preocuparmos com coisas estressantes ativa essa resposta, com as mesmas reações físicas. Nossos estressores podem ser qualquer evento do mundo exterior ou interior que nos tire do equilíbrio homeostático. Pode ser até mesmo um evento que não aconteceu, o que pode ter um efeito benéfico quando antecipamos uma ação que possa nos proteger de um dano. No entanto, você já ouviu aquela expressão: “Fulano ficou doente de preocupação”. É isso, nós podemos ativar a resposta ao estresse não só numa situação de perigo físico e psicológico, mas também na expectativa destes. Quando ativamos essa resposta sem motivo ou por algo que não podemos fazer nada, experimentamos o que chamamos de ansiedade, paranóia, pânico. E quando essa ativação é mantida cronicamente ela pode gerar um potencial dano à saúde.
Há quem consiga através de mudanças de atitude e perspectiva deixar essa reação ao estresse mais branda e não evoluir para a fase de exaustão. Mas existem aqueles com uma tendência a acumular o estresse e chegar mais facilmente à exaustão. A reação de cada um está associada à genética, ao temperamento, personalidade, à maneira de perceber o mundo. Uma reação mal adaptativa ao estresse pode gerar sintomas físicos como insônia, acordar no meio da noite e não conseguir voltar a dormir, sono não reparador, não ter a mesma disposição para as atividades do dia, irritabilidade fácil, comportamento que foge ao padrão habitual. Todos esses são sinais de alerta, e se não houver uma intervenção para mudar esse curso, o indivíduo pode progredir para fase de exaustão com a instalação de doenças (aumento de pressão, alterações na pele etc), além de poder prejudicar os relacionamentos pessoais ou no trabalho.
Existem formas para restaurar o equilíbrio naqueles que já estão presos na reatividade ao estresse, como também existem formas de prevenção de uma resposta mal adaptativa.
Esse será o assunto do próximo post! Até lá.
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Bibliografia:
1. Sapolsky, RM. Por que as zebras não têm úlceras? São Paulo: editora Landscape, 2007. 583p.
2.Lima PTR (coord.). Bases da medicina integrativa. Série Manuais de Especialização do Hospital Israelita Albert Einstein. 2ª ed. Barueri: Manole, 2018. 357p
Imagem de Prettysleepy por Pixabay
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